Filme sobre cacique Raoni faz parte de mostra que celebra os 60 anos do Parque Indígena do Xingu

Filme sobre cacique Raoni faz parte de mostra que celebra os 60 anos do Parque Indígena do Xingu
Programação inicia nesta quarta-feira (1o) e 12 de dezembro, com 31 obras produzidas de 1932 até este ano. Filme sobre Raoni abre o evento.

Por g1 MT
30/11/2021

A demarcação do Parque Indígena do Xingu, em Mato Grosso e na divisa com o Pará, completou 60 anos neste ano. As seis décadas de lutas e histórias serão comemoradas com a Mostra Ecofalante de Cinema, que terá rodas de debate e sessões online de filmes.

A programação especial inicia nesta quarta-feira (1o) e 12 de dezembro, com 31 obras produzidas de 1932 até este ano. O longa metragem que abre o evento é "Raoni", indicado ao Oscar de melhor documentário e que conquistou quatro premiações no Festival de Gramado, incluindo a de melhor filme.

O cacique Raoni Metuktire, 91 anos, é a principal liderança indígena internacional. Ele dedica a vida à defesa da preservação da Amazônia e dos direitos indígenas. Segundo a sinopse do filme sobre Raoni, filmado de forma clandestina durante a ditadura militar (1964-1975), mistura documentário com ficção experimental, sendo lançado ainda em 1978. Raoni enfrentava ameaça de grileiros e caçadores.

A mostra reúne cineastas consagrados, como Aurélio Michiles, Mari Corrêa, Maureen Bisilliat, Paula Gaitán e Vincent Carelli. Também recebe trabalhos recentes de realizadores indígenas originários da região do Xingu, como Takumã Kuikuro, que estreia na mostra dois novos títulos, Kamikia Kisêdjê e Kamatxi Ikpeng.

O Parque Indígena do Xingu foi a primeira grande Terra Indígena (TI) a ser demarcada pelo governo federal, em 1961. A área possui até 16 etnias, com diferenças culturais, linguísticas, políticas e ritualística. A defesa em torno da TI ampliou a articulação e luta entre os diversos povos indígenas ao longo dos últimos anos.

Segundo documento do Instituto Socioambiental, os anciãos indígenas guardam memórias contraditórias sobre o passado do Parque. "Existe uma compreensão consensual de que se o Parque não tivesse sido criado e não houvesse a inestimável dedicação dos irmãos Villas Boas, a história poderia ter sido outra, provavelmente muito pior, a exemplo de outros povos que não tiveram a mesma atenção por parte do Estado", diz trecho do texto.

As mortes por epidemias antes e depois do contato dos não-indígenas ainda assombra as populações originárias. Por isso, a chegada da pandemia de Covid-19 tornou-se um dos maiores desafios para eles.

No Xingu, já são registradas 20 mortes pelo vírus e 1.568 casos confirmados, segundo dados da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai). Os dados foram atualizados na tarde desta segunda-feira (29).

Nesta Terra Indígena vivem cerca de 6.090 indígenas. Em Mato Grosso, são mais de 42 mil indígenas, segundo dados de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

60 anos de Parque Indígena do Xingu

O Parque Indígena do Xingu ganhou essa denominação pelo duplo propósito de proteção ambiental e das populações indígenas, segundo o Instituto Socioambiental.

A área ficou subordinada tanto ao órgão indigenista oficial quanto ao ambiental, sendo que o acréscimo da palavra "Indígena" no nome veio após a criação da Fundação Nacional do Índio (Funai).

O Parque foi criado em 1961, de acordo com o Instituto Socioambiental. Desde então faz parte do imaginário brasileiro sobre como são os povos indígenas, tornando-se até mesmo um cartão postal da política indigenista.

O processo de demarcação do Parque demorou dez anos. "Na época, já se tinha conhecimento sobre a existência de vários povos indígenas que viviam entre as bacias dos rios Araguaia, Xingu e Teles Pires. O limite originalmente proposto era aproximadamente dez vezes maior do que o limite que o Parque tem hoje", diz trecho do documento do Instituto.

https://g1.globo.com/mt/mato-grosso/noticia/2021/11/30/filme-sobre-caci…

Data da publicação:

30/11/2021

Área protegida:

Parque Indígena do Xingu - PI

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